O Bairro

Saudações Sociais!

É com grande satisfação que a SocialCaixa compartilha o poema do APS Fabrício Silva Lima intitulado “O Bairro“.

O poema foi publicado no Concurso Cultural Talentos FENAE/APCEF e fala sobre um bairro periférico, em um conjunto habitacional, onde Fabrício morou durante sua infância.

O Bairro

No bairro que era terra e poeira
Brincávamos nos montes de pedra e areia
Escondíamo-nos dentro das filas de manilhas
E a vida era vivida como se não houvesse outros dias

As casas eram como uma grande maquete
Todas iguais com pessoas diferentes
Mas alegres pela mesma conquista
Divididas em parcelas infinitas

Aos poucos o bairro se erguia
E a nossa vida se construía
Entre as aventuras de menino
Havia mágica em tudo aquilo

Tudo era marcado por vários personagens
E hoje guardo-os em várias imagens
A rua, os amigos e as belas árvores
Talvez exista algo naquelas árvores

Que abrigava a alma de nossa infância
E nos ajudava a sermos mais criança
Nas sombras das árvores, nos espaços dos eucaliptos
Apostávamos corrida e jogávamos bola

Empinávamos pipa enquanto o vento entoava uma brisa sonora
Rica, leve e perfumada pela essência da inocência
Adicionado a belos momentos sem maiores responsabilidades
Por fim não havia discriminação, credo, origem ou idade

O pega-pega, o pé na bola e a quadra da escola
As festas juninas e o fim das aulas
A pracinha e o tanque de areia
Os melhores amigos e o primeiro amor
Tudo era temperado com um rico sabor

A casa era simples com um grande quintal
Com direito à horta, verduras e matagal
Havia o contato com a terra
De se encardir as roupas o pé e a alma

Havia vida e alegria naquilo tudo
Havia certa dificuldade com felicidade
Fartura, simplicidade, pequenas brigas e amizade

Mas aos poucos o bairro foi se transformando
Ficando maior, as casas se modificaram
Muitas pessoas mudaram
Surgiu uma cidade dentro da cidade

Novas construções erguidas e o
comércio se ampliou
Novos bairros a prefeitura criou
E os eucaliptos hoje são menos volumosos
E a terra cedeu lugar ao concreto

O menino teve que se mudar
Deixou a rua, os amigos, as árvores e as brincadeiras
E hoje é homem e tem família
Mas a memória é rica sobre aqueles dias

As árvores e o pequeno bosque ainda existem
E ainda que um pouco imperceptíveis
Ainda conseguem guardar aquelas sombras
Exalar o mesmo cheiro de infância
Bem vivida e de amor sem mácula e perfeito

Deixe seu Comentário